Andar na ponta dos pés

Andar na ponta dos pés

O desenvolvimento neuropsicomotor das crianças é um dos fatores de maior preocupação pelos pais. E com razão, qualquer atraso, por mínimo que seja , deve ser identificado precocemente para que encaminhamentos e estímulos seja realizados o mais rapidamente possível.

Pois bem. A parte motora do desenvolvimento é uma fração importante, pois é nela que avaliamos se a criança senta sem apoio na faixa etária adequada, rola, engatinha e anda. Ah, o andar.

Marco esse pelo qual todos os pais aguardam ansiosamente mas, e quando as crianças começam a andar e os pais percebem que elas estão caminhando nas pontas dos pés? E o tema do nosso post de hoje será justamente esse. É normal isso acontecer? Quando temos que procurar ajuda especializada?

E eu já adianto para vocês: nenhum post substitui a consulta! Portanto, se está na dúvida se há algo errado ou não, não deixe de agendar consulta com o especialista!

Vamos lá?

É relativamente normal e esperado que as crianças que estão aprendendo a andar podem passar algum tempo andando na ponta dos pés. Isso acontece porque o bebê ainda não está acostumado com o movimento (lembre: tudo é aprendizado), mas conforme a caminhada é aperfeiçoada, ele começa a andar com os pés inteiros no chão.

Geralmente, a partir dos 3 anos de idade essa dificuldade inicial já é superada, e as crianças não apresentam mais essa característica.

Entretanto, algumas das crianças, mesmo quando chegam nesta idade possuem dificuldades. Abaixo, citarei algumas das causas que podem comprometer o caminhar.

1 – Condições neurológicas: algumas delas como a paralisia cerebral ou a distrofia muscular fazem com que o músculo da panturrilha fique mais “apertado” ou modifique a maneira como ele funciona. Isso torna difícil ou impossível para a criança colocar os calcanhares no chão. Geralmente
ocorre de maneira bilateral, ou seja, dificuldade em colocar os dois pés no chão.

2 – Condições ortopédicas: a condição mais conhecida é o “pé torto”, ou a inflamação da placa de crescimento no calcanhar, que causam essa mudança nos pés ou pernas. Com isso, encostar o calcanhar no chão torna-se impossível ou até mesmo doloroso.

3 – Características comportamentais: algumas crianças que conseguem colocar o pé inteiro no chão PREFEREM andar na ponta dos pés. Esse grupo também possui outras características comportamentais, como atrasos no desenvolvimento, dificuldade de relacionamento, por exemplo. Pode estar associado com transtorno do espectro autista.

4 – Andar idiopático: Existem casos em que as crianças são 100% saudáveis e que persistem em andar na ponta dos pés. É uma condição que afeta 5 a 12% das crianças sem nenhuma condição clinica associada  e é diagnosticado com a exclusão de todas os outros tipos citados acima. A caminhada idiopática é a presunção de que a criança simplesmente criou o HÁBITO de andar na ponta dos pés.

5 – Causas genéticas: Em alguns estudos, as crianças com andar idiopático também mostraram atrasos na fala, na linguagem e desafios com habilidades motoras e processamento sensorial, como dificuldade de equilíbrio e busca de movimento.

Enfim, são muitos os diagnósticos possíveis para essa queixa. Ninguém melhor que o especialista para avaliar e orientar. Lembre- se: cada criança é única, e nem sempre o diagnóstico de uma será igual ao outro.

Você conhece alguém que precisa saber sobre esse tema? Não deixe de enviar o link!

Com carinho,

Dra Beatriz Romão Amatto – Médica Pediatra – Crm 181573 – RQE 82.740 – Instagram: @drabeatrizamatto